Suíça Entra na Corrida da IA com Modelo Aberto e Multilíngue
View Original Article Aug, 27 2025

Em um movimento que pode redefinir o
cenário global de inteligência artificial, pesquisadores das universidades ETH Zurique e EPFL, em parceria com o Centro Nacional de Supercomputação da Suíça
(CSCS), anunciaram o desenvolvimento
de um dos maiores modelos de linguagem de código aberto do mundo. Treinado no supercomputador "Alps", o projeto se destaca por sua transparência,
capacidade multilíngue e acessibilidade.
O modelo suíço representa uma ruptura com
o paradigma atual da IA. Enquanto gigantes como OpenAI e Google operam com algoritmos proprietários, a
iniciativa helvética oferecerá
código-fonte, pesos e dados de treinamento completamente abertos, sob a licença
Apache 2.0. Essa transparência permitirá auditorias independentes e
garantirá conformidade com as rigorosas leis de privacidade da União Europeia e
da Suíça.
Um dos diferenciais mais notáveis é sua capacidade em mais de 1.000 idiomas, com
40% dos dados de treinamento dedicados a línguas não inglesas. "Modelos abertos são essenciais para um alto
nível de confiança e para o avanço na pesquisa de riscos da IA",
explica Imanol Schlag, líder do projeto
na ETH Zurique. A abordagem multilíngue desde a fase inicial visa reduzir o
viés linguístico comum em sistemas de IA comerciais.
O lançamento incluirá duas versões: uma com 8 bilhões de parâmetros para aplicações
mais leves e outra com 70 bilhões, colocando-a entre os modelos abertos mais
potentes do mundo. O treinamento, que consumiu 15 trilhões de tokens, priorizou
qualidade e diversidade de dados. Estudos preliminares revelam que a
exclusão de dados obtidos por rastreamento na web não comprometeu
significativamente seu desempenho, reforçando sua ética no tratamento de
informações.
A infraestrutura por trás do projeto é
igualmente impressionante. O supercomputador "Alps", equipado com
10.000 chips NVIDIA e operando com energia 100% neutra em carbono, foi
fundamental para o processo. Essa capacidade computacional coloca a Suíça na
vanguarda da pesquisa em IA, integrando o maior esforço mundial do gênero em
código aberto, que reúne 800 pesquisadores e 20 milhões de horas anuais de GPU.
"Investimos
em infraestrutura soberana para fomentar inovação não só na Suíça, mas
globalmente", afirma Thomas
Schulthess, diretor do CSCS. A expectativa é que o modelo, disponível até o
final do verão europeu, seja adaptado por governos, universidades e empresas,
reduzindo a dependência de sistemas proprietários.
"Queremos
democratizar a IA", resume
Martin Jaggi, professor da EPFL. "A
abertura atrai talentos e acelera descobertas." Financiada pelo
Conselho ETH para o período 2025-2028 e vinculada à rede europeia ELLIS, a
iniciativa reforça o papel da Europa no desenvolvimento de uma IA confiável e
inclusiva.
Este avanço surge em um contexto em que algumas empresas chinesas também estão liberando LLMs de código aberto, como por exemplo a DeepSeek e a GLM-4.5 da Z.ai, ampliando ainda mais o ecossistema de IA aberta e diversificando as opções além dos modelos proprietários.